Três jovens setubalenses, estudantes do curso de Arquitectura da Universidade Lusófona de Lisboa fizeram um trabalho onde analisaram as origens e características do bairro Salgado, em Setúbal e apresentam uma proposta de salvaguarda para esta zona.
Virgínia Ferreira
vmgf.virginia@gmail.com
Os setubalenses André Dias, Joana Capote e Pedro Palheta, no âmbito da disciplina de História da Arquitectura Portuguesa II, fizeram um levantamento histórico sobre a evolução da cidade de Setúbal, de modo a perceberem as origens do bairro Salgado.
Depois de alguns anos de maior desenvolvimento e outros de estagnação, a partir do século XIX houve um novo impulso no desenvolvimento em Setúbal, “destacando-se em 1860 a chegada do caminho-de-ferro, o início da construção da avenida Luísa Todi e a elevação da cidade”. Para além destes marcos de desenvolvimento, foi também neste século que “começaram a funcionar as primeiras fábricas de conserva e o início da fama das laranjas e moscatel de Setúbal”.
O aumento da população de Setúbal, devido à “fixação das indústrias conserveiras, por industriais franceses”, na cidade e “toda a deslocação de operários para essas indústrias, levou a que fossem estudadas formas de alargamento da cidade”. Nesse momento da história, a cidade existente estava “encurralada entre o Rio Sado e as imensas quintas, praticamente chegavam à avenida Luísa Todi”. Foi nos finais do séc. XVIII que se iniciou a construção do bairro Salgado “com a delimitação de algumas ruas”, representando “na Idade Contemporânea a primeira expansão da cidade para o Norte”, tendo ficado “concluída até 1985”.
A maioria da burguesia decidiu investir neste bairro, tendo-se tornado “na zona residencial por excelência dos anos 20, com vivendas unifamiliares inseridas na arquitectura da corrente Arte Nova”.
O aspecto exterior das habitações do bairro Salgado distinguia-se pelo uso de “elementos como azulejos, balaústres e alguns relevos do estilo Arte Nova. As cores do exterior eram normalmente garridas, como o rosa e o amarelo, combinando com o friso de azulejos do tipo Arte Nova”.
Nesta zona “não foram construídas unidades fabris”, “por influência dos próprios industriais, para não serem incomodados pelo cheiro, pelo barulho e pela presença dos operários, junto às suas moradias”.
Actualmente, “a maioria dos edifícios encontram-se habitados por reformados, onde alguns pagam rendas a proprietários que herdaram essas casas e por consequente, são os edifícios que mais carecem de obras de manutenção e conservação além daqueles que se encontram abandonados”.
Também há casos em que os “edifícios estão de tal modo em mau estado de conservação, que por vezes ao caminhar na rua encontramos pedaços de azulejos que já caíram e partiram-se”, referem os autores do trabalho.
No que respeita aos principais problemas dos edifícios, predomina uma “nítida falta de conservação pela inexistência de manutenção, pois neste momento, seria necessário um grande programa para reabilitar o conjunto de edifícios em estado de degradação”.
Os estudantes que realizaram este trabalho apenas tiveram possibilidade de observar as fachadas, onde foi visível que “nos revestimentos de paredes é muito frequente a desagregação do reboco”, causado pela humidade.
Como o bairro foi criado apenas com a finalidade de “servir como bairro residencial exclusivo à burguesia e portanto sem qualquer tipo de atractivo à população geral, como serviços ou comércio”. Assim, “a ocupação pública é muito pouca, tornando-o num bairro pouco social, onde existe pouca interacção entre as pessoas”.
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